terça-feira, 11 de agosto de 2009

Depressão Bipolar- O desafio do tratamento


A depressão bipolar é um quadro grave , crônico, um dos polos do transtorno afetivo bipolar(TAB). Em 80 % do tempo , o TAB cursa com sintomas residuais depressivos, bastante resistentes ao tratamento.

Como falado em outros tópicos, a depressão bipolar é tratada com estabilizadores de humor(EH) e não com antidepressivos. Em alguns casos, o uso de EH isoladamente não produz a remissão completa dos sintomas depressivos. Então, adicionamos antidepressivos convencionais ao regime terapêutico ou tentamos potencializar os EH.

A depressão bipolar continua um dos desafios do psiquiatra, haja vista a cronicidade e as repercussões neurológicas da doença. A sua evolução prolongada causa atrofia neuronal, principalmente no hipocampo, região responsável pela memória e localização espacial.

É muito importante o uso contínuo das medicações, para evitar a toxicidade das oscilações de humor e das fases depressivas crônicas.

A depressão , seja bipolar ou unipolar, é uma doença grave, de alta prevalência na população, atualmente ocupa a quarta colocação como causa de incapacitação profissional. Estimativas da OMS projetam que a depressão ocupará o segundo lugar como causa de incapacitação profissional até o ano 2020. Isso tudo sem falarmos dos custos diretos e indiretos ligados aos prejuízos familiar, pessoal e interpessoal. A associação de cardiologia considera o transtorno depressivo como fator de risco cardíaco isolado, juntamente com o tabagismo, sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial sistêmica. O risco de mortalidade cardíaca aumenta de três a cinco vezes em pacientes depressivos.

A cada dia, novas pesquisas relacionam a depressão com marcadores inflamatórios no organismo, o que pode estabelecer a ligação dessa doença com outras doenças clínicas no futuro.

Surto Maníaco

O termo "surto" é bastante usado pelos leigos para descrever alterações mentais e de comportamento. Nós, psiquiatras, utilizamos o termo quando nos referimos à instalação aguda de sintomas psiquiátricos que demandam cuidados imediatos. Por exemplo, o paciente pode estar num surto maníaco: ele está eufórico, falante, gastando dinheiro, agressivo, irritado, descuidando da higiene pessoal e tendo atitudes perigososas para si e terceiros. Neste estado de surto, a sua capacidade de julgamento está afetada total ou parcialmente. Dizemos que esse paciente perdeu o seu "juizo crítico."
Então, podemos dizer que o paciente está em surto, precisa ser medicado imediatamente e, em alguns casos, ser hospitalizado por causa dos riscos.
Há outros termos, como surto depressivo, surto esquizofreniforme, etc. A função do psiquiatra é utilizar os recursos terapêuticos para esbater os sintomas agudos.