domingo, 9 de agosto de 2009

Transtorno Afetivo Bipolar(TAB)


O Transtorno Afetivo bipolar(TAB) é uma doença psiquiátrica grave, geneticamente determinada , que acomete até 7 % da população. O transtorno bipolar clássico, conhecido com tipo I, afeta 1 % da população. Nesse transtorno, o paciente apresenta oscilação de humor, com momentos de depressão alternados com momentos de euforia ou irritabilidade. Trata-se de um transtorno altamente incapacitante, com pesado ônus para o paciente e seus familiares.

Acredita-se que o sistema de neurotransmissão esteja desregulado nesses pacientes, principalmente sistemas neurotransmissores dentro dos neurônios( segundo mensageiros). Essa desordem neuroquímica produziria uma desregulação no humor e na cognição( pensamentos, memória, capacidade de julgamento). Pacientes com TAB, em fase maníaca, ficam com o humor exaltado, fazendo inúmeras atividades, muitas sem propósito, desconcentrados, falantes, desorganizados mentalmente, com idéias de grandeza, chegando ao delírio de acreditar que possuem poderes especiais, místicos, ou mesmo se considerando famosos. Esse polo maníaco costuma ceder espaço para fases depressivas, onde há uma inversão de sintomas, com o paciente retraindo-se socialmente, tornando-se pessimista, com ideação suicida, com choro fácil, sem motivos, podendo ficar completamente isolado do mundo , sem energia para prover os autocuidados.

O tratamento do TAB se faz com o uso de estabilizadores de humor(EH). Em alguns casos selecionados , precisamos adicionar antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos. Por se tratar de uma doença grave, o uso de um único medicamento é insuficiente para o controle completo dos sintomas. Portanto, não se admire se conhecer um paciente com essa doença usando dois, três ou mesmo mais de três medicamentos.

Em anos recentes, ampliou-se o entendimento dessa doença. Acredita-se que o número de pacientes acometidos pela doença chegue a 7 % da população, se adicionarmos no cálculo epidemiológico aqueles casos menos graves( mas igualmente incapacitantes), como o transtorno bipolar tipo II( depressão e hipomania), bipolar tipo III( desencadeado por substância ou medicamentos), tipo IV( com história familiar positiva para doença e depressão), ciclotimia( alternância de episódios rápidos de mudança de humor).

O transtorno Afetivo Bipolar( TAB) é uma doença neurológica, além de ser uma doença comportamental. Se não for tratada adequadamente, evolui negativamente, causando atrofia neuronal, o que aumenta o risco para outros transtornos psiquiátricos.

Depressão Bipolar


A depressão bipolar é a manifestação de um polo do transtorno Afetivo Bipolar(TAB). Caracteriza-se por sintomas depressivos atípicos, como hipersonia( excesso de sono), hiperfagia( aumento do apetite), lentificação psicomotora, irritabilidade associada, oscilação de humor com variabilidade diurna. Por ser uma manifestação depressiva, costuma ser confundida com a depressão unipolar. A depressão unipolar é a depressão sem a oscilação do humor do TAB.

É muito importante a diferenciação diagnóstica por vários motivos. Primeiro, o tratamento da depressão bipolar se faz com o uso de estabilizadores de humor(EH) e não de antidepressivos. Inclusive os antidepressivos podem piorar a evolução do TAB, induzindo a aceleração das oscilações de humor, piora da irritabilidade e euforia( polo maníaco da doença), podendo desencadear um " surto maníaco franco."

A história familiar do paciente é de suma importância na elaboração diagnóstica. Como se trata de uma doença sabidamente genética, a presença de familiares com sintomas semelhantes aumenta o grau de suspeição dessa patologia. Quando estamos examinando o paciente( corte transversal), temos um momento no tempo cronológico. Precisamos de um tempo maior( corte longitudinal), que ligue a evolução dos sintomas desde o passado até o momento presente. A avaliação conjunta transversal e longitudinal aumentam a fidedignidade do diagnóstico.

Uma vez feito o diagnóstico de depressão bipolar, prescrevemos EH. Se esses sozinhos não funcionarem, fazemos associações com outros EH. Em último caso, associamos antidepressivos em casos selecionados, sempre tomando o cuidado de não usá-los sozinhos .

Sabemos que o número de pessoas depressivas bipolares é muito maior do que os diagnósticos atuaís englobam. O espectro bipolar chega a alcançar até 7 % da população em estudos epidemiológicos recentes. Portanto, a acurácia diagnóstica vai ser cada vez mais importante para o tratamento adequado dessa grave patologia.

Ansiedade Resistente ao Tratamento

No consultório atendemos pacientes com queixas crônicas de "nervosismo", ansiedade. Explicitados os significados dos termos, chegamos a sintomas como preocupações excessivas, tensão muscular, palpitações, mãos e pés frios, ondas de calor , tremores generalizados, sensação crônica de apreensão , medo de tudo, etc. A maioria dos pacientes ansiosos , que não se tratam, mantem sintomas ativos dos diversos transtornos de ansiedade. Um risco adicional de não tratar é a evolução para um quadro depressivo concomitante.
Quando nos deparamos com pacientes cronicamente ansiosos, precisamos reavaliar o diagnóstico. Muitos pacientes se automedicam com ansiolíticos( medicamentos que combatem a ansiedade), os famosos medicamentos "tarja preta." O uso prolongado desses medicamentos é contra-indicado na maior parcela dos casos. Portanto, o uso desses medicamentos fica restrito ao curto prazo, até que os antidepressivos( com propriedades antidepressivas e ansiolíticas) comecem a funcionar.( 2 a 3 semanas).
Então, quando atendemos pacientes "ansiosos crônicos", a primeira pergunta a ser respondida é a seguinte: _ Trata-se de uma ansiedade mesmo ou de outra doença mental? A resposta correta a essa dúvida nos direciona para tratamentos mais eficazes. Se for um transtorno de ansiedade verdadeiro, o ajuste do antidepressivo( aumento de dose ou troca de classe medicamentosa) já será suficiente para modificar os sintomas, levando à remissão completa na maioria dos casos tratados. Se for um transtorno de humor, precisamos adicionar um estabilizador de humor(EH) para equilibrar a química cerebral. Acredito que muitas queixas ansiosas são, na verdade, sintomas de oscilação de humor mascarados e subdiagnosticados. Vale a pena rever a história clínica cuidadosamente para refazer o diagnóstico e mudar a conduta médica. Assim, casos ansiosos crônicos são solucionados todos os dias no consultório.

TDAH( Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)- Mito TRÊS

Mito= As crianças que tiveram TDAH normalmente se curam quando entram na adolescência.

Verdade= Geralmente os prejuizos que iniciaram na infância ficam evidentes na adolescência. Isso decorre de uma maior necessidade do uso da funções de autogerenciamento, exigidas na escola e outros setores da vida. O TDAH se mantém quando essas chegam à vida adulta em 60% dos casos , caracterizando a continuidade do transtorno. Muitos adultos com TDHA hoje foram crianças hiperativas e desatentas na infância.

TDAH( Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)- Mito DOIS

Mito= O TDAH é somente ausência de força de vontade. A prova disso é que crianças que não gostam de estudar usam essa desculpa. Mas quando vão jogar videogames, ficam concentradas. Se elas realmente quisessem poderiam manter o foco em qualquer atividade.

Verdade= O TDHA se parece realmente com um problema de falta de força de vontade, mas não é. Ele é um problema químico nos sistemas de gerenciamento do cérebro, principalmente nas estruturas cerebrais conhecidas - região frontal e gânglios da base-, que utilizam os neurotransmissores dopamina e a noradrenalina nas comunicações neuronais.

TDAH( Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)- Mito UM

Mito =Os medicamentos usados para tratar o TDHA podem causar dependência a longo prazo ou outros problemas de saúde, especialmente quando administrados em crianças.

Verdade= A ritalina é um dos medicamentos mais pesquisados no mundo.O potencial de dependência é pequeno. Atualmente dispomos de apresentações de liberação prolongada, o que diminui o abuso. Os riscos do uso são mínimos, enquanto os prejuízos do não uso na população portadora do transtorno são elevados. O TDAH não tratado causa prejuízos acadêmicos significativos, dificuldades de controle de impulsos e socialização.

Mitos sobre Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH)


No Brasil a mídia presta serviços e desserviços. O último desserviço refere-se à reportagem veiculada no Jornal Nacional a respeito do uso de ritalina( medicamento) para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade(TDAH), tanto em crianças como em adultos. Na reportagem o jornalista afirma que existe uma " hipermedicalização das crianças". Isso é um equívoco, pois nós, profissionais, sabemos que existe uma submedicalização. Se levarmos em conta os dados epidemiológicos, há um percentual significativo de crianças e adultos não diagnosticados no Brasil e no mundo. Recebo perguntas de pacientes a toda hora sobre os riscos da ritalina( medicamento). Considero a ritalina um medicamento bastante seguro para tratar esses quadros psiquiátricos. Obviamente que devemos tomar algumas precauções, como solicitar os exames cardiológicos previamente ao uso dessa medicação. Quanto à boataria da mídia, cabe à comunidade médica na figura da ABP( Associação Psiquiatria Brasileira) responder com informações técnicas pertinentes para esclarecer a população e permitir o acesso aos meios terapêuticos eficazes disponíveis no mercado.

Esquizofrenia e Bipolaridade se aproximam!

Pesquisadores descobriram que a esquizofrenia e o transtorno afetivo bipolar(THA) podem ter genes similares. Desde 1994, houve um aumento em quarenta vezes no diagnóstico de doenças mentais nos EUA. Principalmente no transtorno bipolar, com sintomas psicóticos, o diagnóstico diferencial com esquizofrenia faz-se necessário, pois em mais de 30 % dos casos, há a presença de alucinações e delírios no transtorno bipolar. Isso pode confundir o diagnóstico. Cabe ao psiquiatra avaliar a história familiar do paciente, o curso longitudinal do sintomas para a escolha correta dos medicamentos. A maioria dos psiquiatras acredita que esses dois transtornos são graves, com consequências cerebrais , se não tratados adequadamente. O transtorno bipolar tipo I, o clássico, acomete 1,5 % da população geral. Mas se levarmos em conta o "espectro bipolar", termo que engloba as variantes do humor, o percentual pode atingir até 7 % da população. Quanto `a esquizofrenia, a incidência do transtorno é de 1%. Referente aos tratamentos prescritos, na bipolaridade usam-se os estabilizadores de humor( EH), enquanto na esquizofrenia os antipsicóticos são os medicamentos de eleição.

Hipocondria

Este mês contribuo com a Revista Saúde Interativa(www.revistasaudeinterativa.com.br), em Santa Maria, abordando o tema " Hipocondria.". A hipocondria é uma síndrome que acomete tanto homens como mulheres,ocorrendo em qualquer idade, mais comumente entre 20 e 30 anos, e se caracteriza pela preocupação do paciente em ter algum transtorno físico sério e progressivo, a despeito da ausência de evidências em exames clínicos e de imagem. Trata-se de um transtorno psiquiátrico bastante prevalente no nosso meio, pouco responsivo a medicamentos. Necessita de intervenção psicoterápica adjuvante.