Tenho acompanhado , nesses 11 anos de psiquiatria, tanto dentro do consultório, como fora, comportamentos antissociais esporádicos e persistentes. Vou relatar algumas experiências para que você possa se proteger melhor de agora em diante.
A principal capacidade a ser desenvolvida na luta contra a "maré antissocial" é a percepção. Precisamos estar atentos aos detalhes dos comportamentos, mais do que em relação a palavras e discursos. Lembro-me de uma frase que se encaixa nessa idéia: " O que você faz fala tão alto que o que você fala não escuto." Os antissociais possuem uma falta de preocupação com a incoerência dos seus atos e palavras e aí se revelam. Eles fazem coisas erradas e quando confrontados com o comportamento, simplesmente pouco ligam para as consequências funestas dos seus atos. São pessoas dissociadas, isto é, não apresentam continuidade e alinhamento nas ações e discursos.
Os antissociais são muito bajuladores e por isso conseguem conquistar temporariamente a simpatia dos outros,até poderem dar o bote nas vítimas desavisadas.
A segunda capacidade para enfrentarmos a maré antissocial é a união das pessoas de bem contra as pessoas do mal! A omissão, seja ela qual for, alimenta a voracidade e impunidade desses parasitas sociais. " O mal cresce, toda vez que homens de bem se omitem". Lembrem-se de que estamos em maior número, podemos ganhar essa guerra. Somos a maioria, mas se nos omitirmos, seremos a minoria explorada! Aqui não há nenhuma conotação moralista, mas uma conotação científica. Esses indivíduos são verdadeiras "ervas daninhas" para a sociedade.
Vamos a um caso de que me lembro...
O paciente agrediu verbalmente o médico porque não seria mais atendido depois de faltar as consultas inúmeras vezes sem justificativa... numa mensagem agressiva se dizia vítima da situação, " afirmava que o médico estava sendo anti-ético ao tomar essa decisão. Citou até o livro "Pequeno Príncipe" para justificar a sua indignação, " doutor, você é responsável por quem cativa"( risos) e "agora age de maneira intolerante". Vejam as projeções( jogar a culpa no outro) no médico, sendo que o médico estava lá todas as vezes que o paciente faltou, ocupando a vaga de outros pacientes na lista de espera. A tentativa de reverter a história a seu favor, feriu a lógica de uma compreensão verdadeira da sua insensibilidade com a pessoa do médico e com a saúde dos outros pacientes. A "vítima" não reconhece a sua responsabilidade em nenhum momento. Fez o ato publicamente, para denegrir a imagem do médico perante os outros, sem preocupação com as consequências.