sábado, 24 de outubro de 2009

Tratamento do TAG


De acordo com as diretrizes farmacológicas, os medicamentos antidepressivos , particularmente da classe dos ISRS( Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina), os antidepressivos duais( ISRSN) e os ansiolíticos( Benzodiazepínicos), além da buspirona, são os medicamentos de eleição conforme o caso específico. Havendo resposta terapêutica às doses prescritas, preconiza-se a manutenção de tratamento pelo período mínimo de 1 ano, com a mesma dosagem.

O tratamento psicoterápico, principalmente a TCC( terapia Cognitivo-Comportamental) está indicada em associação com os medicamentos.

Quando há resposta parcial ao tratamento, pode-se associar diferentes classes medicamentosas para produzir a potencialização dos efeitos terapêuticos.

Os benzodiazepínicos(BZD) são medicamentos auxiliares no tratamento da fase aguda, até que os antidepressivos produzam os efeitos( 2 a 3 semanas). Tão logo o quadro clínico se estabilize, recomenda-se a retirada do BZD para evitar a dependência fisiológica e efeitos colaterais como sedação, fadiga, prejuízo psicomotor, déficit de memória. Entretanto, em alguns casos o uso dos BZD está indicado a longo prazo, com a supervisão médica. Na escolha da classe de BZD, optamos pelos medicamentos de longa ação, para minimizar os riscos de dependência e sintomas de ansiedade rebote nos intervalos das doses, o que acontece com BZD de vida curta.

Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG) e Outras Doenças






O TAG dificilmente ocorre isoladamente. A maioria dos pacientes apresenta outras comorbidades psiquiátricas, como depressão( 62 % dos casos) e distimia( 37 % dos casos). O transtorno relacionado ao uso de substâncias também é frequente, seja o álcool ou outras drogas. O uso do álcool pode surgir como uma tentativa de "automedicação", para aliviar os sintomas ansiosos.
Há ainda associação maior do TAG com condições clínicas como enxaqueca, doença arterial coronariana e diabetes mellitus. Pessoas com doenças osteoarticulares apresentam mais sintomas dolorosos quando apresentam TAG associado.
A prevalência do transtorno ao longo da vida é de 5% e cerca de 1 em cada 10 pacientes atendidos na Clínica Geral apresentam critérios compatíveis com TAG, elevando os custos de atendimento, devido à alta utilização dos serviços de saúde.

Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG)

Os dados epidemiológicos apontam uma prevalência de 4,2 % do TAG no Brasil. Apesar da alta prevalência, esse transtorno é raramente diagnosticado em serviços médicos gerais de atenção primária. Como os pacientes procuram inicialmente um clínico geral, o diagnóstico passa despercebido. O TAG se instala antes dos 25 anos de idade e tem uma incidência maior em mulheres( 2:1). Estudos observacionais relatam um curso crônico, com baixas taxas de remissão e altas taxas de recorrência( uma parcela apresenta curso intermitente, com períodos de remissão), ou seja, é um transtorno que dificilmente melhora espontaneamente.

Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG)



O Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG) caracteriza-se pela presença de humor ansioso, preocupações excessivas com eventos cotidianos na maioria dos dias por , pelo menos, 6 meses. Essas preocupações envolvem, geralmente, antecipação de desfechos negativos( antecipação catastrófica ou expectativa apreensiva). Outra característica principal do transtorno é que a ansiedade e preocupações são de difícil controle pelo indivíduo. Para a realização do diagnóstico em adultos, além do humor ansioso, o paciente precisa apresentar pelo menos 3 sintomas adicionais de uma lista de seis:


_ Inquietação e Sensação de estar com os nervos à flor da pele;


_ Fadiga;


_ Dificuldade em concentrar-se ou sensações de branco na mente;


_ Irritabilidade;


_ Tensão Muscular;


_ Perturbações do sono( dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório ou inquieto).

Esses sintomas precisam causar prejuízo funcional e sofrimento significativo e não podem ser causados por outra doença diagnosticável , nem ser resultante do efeito de uso de substâncias.

Assédio Moral e Estresse Pós-Traumático



Uma condição preocupante é o assédio moral no trabalho. A cada dia, mais pessoas procuram tratamento psiquiátrico para sintomas compatíveis com estresse pós-traumático, por se sentirem humilhadas e perseguidas por chefes e superiores hierárquicos. O assédio moral é a utilização do poder para atrapalhar, perseguir, obstruir, humilhar, explorar, denegrir a vida de funcionários subordinados. Isso causa sequelas psicológicas e desencadeia transtornos psiquiátricos a longo prazo.

Quando se pensa em TEPT, eventos catastróficos e fora da experiência cotidiana são lembrados. Mas existe um estresse pós-traumático pelo acúmulo de humilhações e perseguições no local de trabalho. Esse TEPT crônico produz a esquiva fóbica do trabalho, o desenvolvimento de transtorno depressivo e ansioso, com prejuízos no desempenho pessoal e profissional.

O tratamento consiste em afastar o indivíduo do ambiente desencadeante do trauma crônico, sugerindo mudança de setor ou até mesmo troca de emprego, quando os sintomas ficam intoleráveis. O que precisamos pensar é o que leva um chefe a destilar todo o seu sadismo, humilhando um colega de trabalho, para satisfazer a seu prazer doentio? A natureza humana no que ela tem de mais primitivo toma a forma de selvageria social, com a impossibilidade de resolver as diferenças pessoais com civilidade e bom senso. Muitas pessoas em condição de poder se transformam em tiranos e causam malefícios ao bom andamento do trabalho, produzindo desavenças ao invés de sinergia, retrocesso ao invés de crescimento. Esses chefes precisam de tratamento e não merecem o cargo que ocupam.