domingo, 25 de outubro de 2009

Tratamento da Doença de Alzheimer


A causa da destruição neuronal na Doença de Alzheimer é a deposição de placas B-amilóides nos neurônios. O tratamento baseia-se na utilização de medicamentos anticolinesterásicos, que bloqueiam a enzima acetilcolinesterase, que remove o neurotransmissor acetilcolina da fenda sináptica. Cabe ressaltar que os medicamentos antidemenciais não revertem a doença, apenas retardam a evolução e diminuem os sintomas. Entre os medicamentos disponíveis temos os inibidores da colinesterase( rivastigmina, tacrina, donepezil), os inibidores dos receptores glutamatérgicos( memantina), seleginina e vitamina E. Em caso de haver alterações psicóticas associadas à demência, o uso de antipsicóticos está indicado. Se houver sintomas depressivos associados, o uso de antidepressivos deve ser iniciado.
Devemos diferenciar a depressão da demência, pois há quadros pseudodemenciais. Geralmente na depressão, o início dos sintomas é mais agudo,enquanto que na demência os sintomas são mais graduais, na depressão a progressão de sintomas é rápida, enquanto que na demência a progressão é lenta e muitas vezes passa despercebida. A demência possui piora noturna, o que não acontece na depressão. Na depressão há perda da memória recente e remota, enquanto que na demência a maior perda é da memória recente.

Doença de Alzheimer



A Doença de Alzheimer(DA) é o tipo mais comum de demência. Seu início é gradual e insidioso. Estudos evidenciam que fatores genéticos( múltiplos genes) estão envolvidos na predisposição à doença. No cérebro formam-se placas por deposição de uma proteína( beta-amilóide) nos neurônios, que destroem a sua integridade anatômica e funcional. Os neurônios produtores do neurotransmissor acetilcolina, importante para mecanismos de memória, são destruídos pela doença. O quadro clínico se apresenta pela diminuição da memória recente, seguido de desorientação, afasia, apraxia e agnosia. Mesmo em fases iniciais há déficits nas funções executivas( planejamento,pensamento abstrato,linguagem). Alguns pacientes evoluem com irritabilidade e , em estágios avançados, desenvolvem sintomas como desconfiança, alterações no controle urinário e intestinal. O diagnóstico é clínico, depois de excluídas outras possíveis causas de demência. O diagnóstico definitivo é pelo exame histopatológico( dos tecidos cerebrais e neurônios), na necrópsia.

Envelhecimento e Demência



Com o aumento da expectativa de vida, a prevalência de demência tende a aumentar nos próximos anos. A demência afeta entre 5 a 8% da população idosa acima dos 65 anos de idade, 15 a 20 % das pessoas acima dos 75 anos de idade e pode variar de 25 a 50% nos indivíduos com mais de 85 anos. As mulheres são mais acometidas que os homens. Entre as causas mais frequentes de demência, a Doença de Alzheimer é a principal delas.

Diferentes processos clínicos podem levar a um quadro demencial, havendo 50 tipos de demência.

A demência pode ser primária, isto é, por alterações patológicas na integridade cerebral, como ocorre na Doença de Alzheimer, na demência por corpusculos de Lewy, Doença de Pick ou secundária a outras doenças neurológicas como doença de Parkinson, doença de Huntington. No comprometimento secundário, a demência pode estar relacionada a infecções do Sistema Nervoso Central(SNC) por HIV, sífilis, criptococose( fungo), alterações na irrigação sanguínea cerebral( demência vascular), tumores cerebrais, abuso de substâncias( demência alcoólica). Em resumo, 70 % das demências são causadas pela Doença de Alzheimer e a Demência Vascular.

Demências



Demência é uma síndrome caracterizada pelo declínio das funções cognitivas( linguagem, funções executivas, praxias e gnosias), com intensidade suficiente para interferir no desempenho pessoal e social do adulto. A consciência precisa estar intacta, isto é, não pode haver nenhuma condição médica que altere o estado de consciência, devendo o indivíduo estar lúcido.
Demência é um termo genérico que engloba diferentes transtornos, cujo resultado final é a diminuição da memória e uma função executiva pelo menos. Há alterações comportamentais e de humor concomitantes. A evolução da demência tende a ser progressiva, embora o tempo de evolução seja variável.
A memória imediata( de trabalho) e a recente costumam ser afetadas já nos estágios iniciais da doença. A memória remota( para fatos antigos) é afetada tardiamente. Por isso, pessoas com quadros demenciais lembram mais do passado do que da chaleira com água quente que esqueceram no fogão há 10 minutos. A linguagem começa a ficar comprometida para a nomeação de objetos ou achar as palavras certas durante a fala( afasia nominativa). Com o tempo , o discurso tende a perder a fluência.
Apraxia é perda da habilidade em coordenar atos motores complexos, dificultando , por exemplo , a abotoadura da roupa. Agnosia é a dificuldade no reconhecimento e identificação de objetos. Há também desorientação espacial e temporal, com facilidade em se perder. Em estágios avançados o paciente perde a capacidade de identificar até mesmo membros da família.
Podem ocorrer a redução da capacidade de abstração, empobrecimento do conteúdo da fala e pensamento, desinibição, exacerbação de traços de personalidade anteriores à doença, perda da capacidade de julgamento, irritabilidade e sintomas depressivos.
A avaliação inicial se faz pelo miniexame do estado mental( minimental), através de perguntas padronizadas que medem as funções cognitivas básicas. Além disso é necessário descartar outras causas médicas, seja através de exames de sangue, exames de neuroimagem cerebral, medição da função hepática e renal e dosagem de vitaminas do complexo B.