O desenvolvimento psicológico é comparável a uma massa de modelagem. Se houver sobrecarga da mão que molda num lado e falta de modelagem no outro, a estrutura se solidifica com contornos específicos na personalidade. Os genes são os primeiros moldadores da personalidade. Muitos traços e características pessoais são geneticamente determinados. Os pais são os segundos moldadores. Conforme o peso de suas mãos, a argamassa psíquica adquire diferentes configurações.
Quando uma pessoa está no seu processo de desenvolvimento, a argamassa ainda está crua, portanto, pode ser modelada. A partir de uma determinada idade, a mudança torna-se mais difícil, pois os pontos centrais da personalidade estão estruturados. Mudar significa quebrar estruturas, derrubar defesas psicológicas, modificar padrões comodamente incômodos. Para o psiquismo é preferível o ruim sólido conhecido ao bom líquido e incerto.
Falamos em déficit e conflito. São duas teorias bastante elegantes para explicar o processo de estruturação da personalidade. Todos temos uma história única, uma trajetória singular, com vitórias e fracassos, o que vão construindo um mundo interno personalíssimo. Quando os pais são ausentes ou o ambiente é muito empobrecido emocional e materialmente, a criança sofre um empobrecimento no seu psiquismo. Ela sofre de "deficits" na sua formação psicológica e na sua potencialidade latente. Quando uma criança enfrenta situações estressoras, sofre um reflexo prejudicial ao seu equilíbrio, através de intensificação de conflitos desnecessários.
Todos somos uma amálgama de déficits e conflitos. Quanto maior ou menor essa proporcionalidade, maior a manifestação de sintomas. Pessoas com déficits, encontram-se incompletas no seu desenvolvimento psicológico, com lacunas internas, vazios, carências, que geram sensações de desprazer e insatisfações crônicas. Geralmente a busca no decorrer da vida é reviver padrões relacionais que possam "resgatar" neuroticamente as relações falhas. Isso leva maridos a buscarem esposas cuidadoras ou esposas buscarem maridos paternais.
Quando há uma predominância de conflitos, a estruturação é mais externalizante, com manifestações sintomáticas exuberantes, dramáticas, com conflitos abertos e ostensivos. São trantornos neuróticos graves ou transtornos de personalidade incapacitantes. Dizemos que os conflitos se exteriorizam e os déficits se internalizam. Ninguém é tão matematicamente esquemático, mas para fins de entendimento funciona assim.
Nos transtornos resultantes de conflitos intrafamiliares, a manifestação sintomática é nociva ao equilíbrio social. Tais indivíduos , sobrecarregados por impulsos agressivos e não canalizados positivamente, descarregam no mundo suas angústias e descontroles. Muitos brigam, criam confusões, sabotam o seu próprio crescimento, fazendo escolhas equivocadas ou autodestrutivas.
Nos transtornos resultantes de déficits, o indivíduo torna-se ensimesmado, retraído, um proscrito da convivência social, num ostracismo retroalimentador da solidão. Essa " timidez patológica", por contenção interior forçada, esmaga a personalidade, fazendo-a contrair-se ou desaparecer. Esse ciclo de encolhimento psicológico destrói a criatividade humana e cria personagens esquizóides, alheios à vida na sua fluência natural.
Somos o barro moldado pela genética inegociável e a criação cuidadosa ou inconsequente. Somos uma aposta arriscada. No decorrer do ciclo vital, poderemos corrigir alguns déficits e minorar alguns conflitos, mas jamais mudaremos a configuração primária. A psicoterapia é uma tentativa humana, mas falha, de melhorar o psiquismo humano, fazendo-o mais funcional e o seu dono, mais feliz e produtivo. Obviamente que as soluções humanas são parciais.
As teorias sobre como educar as crianças mudam todos os anos. Mas fatores essenciais perduram, como dar bons exemplos, ensinar valores éticos, transmitir afetividade, congregar as crianças em atividades familiares conjuntas, instilando padrões de responsabilidade infantil. Os pais são importantes para o futuro dos filhos, mas não podem responsabilizar-se por tudo, assumindo "culpas" que não lhe são imputáveis. Pais doentes mentalmente, abusadores e negligentes vão gerar filhos conflituados e deficitários. Genéticas desfavoráveis criam temperamentos doentios. Ninguém escapa das imposições da vida.
Quanto é possível mudar? A humildade faz bem, porque dimensiona as probabilidades e prenuncia as possibilidades. Mudanças discretas, mas valorosas, a longo prazo, através da psicoterapia, a convivência com pessoas e ambientes corretivos, a interação emocional positiva e encorajadora, são fatores importantes na reestruturação almejada. Entretanto, a sorte de um início menos conflituoso e menos deficitário, facilita o resultado final.
Cabe a cada pessoa fazer um inventário pessoal, buscando identificar seus déficits e seus conflitos. Nos déficits, cada aquisição e aprendizagem são uma capacitação extra. Nos conflitos, cada flexibilização de crenças rígidas é uma conquista pessoal, na busca de harmonização interior e exterior e melhor convivência interpessoal.
Quais são os seus déficits? Os medos, as inseguranças, as vergonhas, os comportamentos desajeitados e derrotistas estão aqui.
Quais são os seus conflitos? As revoltas, as raivas, as brigas, a vitimização pessoal , as dramatizações infantis estão aqui.
Somos o resultado dinâmico , mas solidamente estruturado e identificado, de uma sucessão de déficits e conflitos. A mente humana é feita dessas duas interfaces. Reforçar os potenciais e enfraquecer os conflitos é um caminho salutar no desenvolvimento humano bem-sucedido. Enredar-se numa das duas faces ou nas duas é estar mentalmente enfermo. É estar neurótico. É estar psicótico.
Os tratamento visa à promoção do equilíbrio mental, não a perfeição, porque nenhuma escultura humana é perfeita. A genialidade do artista modifica-se conforme cada cultura ou pessoa que observa. A busca da perfeição é uma patologia mental em si mesma. A ocupação despreocupada e irresponsável com imperfeições é uma patologia mental autoevidente na nossa sociedade. A cada um cabe resgatar o seu melhor e minorar o seu pior, se considerar a vida uma oportunidade de evolução.
Quando uma pessoa está no seu processo de desenvolvimento, a argamassa ainda está crua, portanto, pode ser modelada. A partir de uma determinada idade, a mudança torna-se mais difícil, pois os pontos centrais da personalidade estão estruturados. Mudar significa quebrar estruturas, derrubar defesas psicológicas, modificar padrões comodamente incômodos. Para o psiquismo é preferível o ruim sólido conhecido ao bom líquido e incerto.
Falamos em déficit e conflito. São duas teorias bastante elegantes para explicar o processo de estruturação da personalidade. Todos temos uma história única, uma trajetória singular, com vitórias e fracassos, o que vão construindo um mundo interno personalíssimo. Quando os pais são ausentes ou o ambiente é muito empobrecido emocional e materialmente, a criança sofre um empobrecimento no seu psiquismo. Ela sofre de "deficits" na sua formação psicológica e na sua potencialidade latente. Quando uma criança enfrenta situações estressoras, sofre um reflexo prejudicial ao seu equilíbrio, através de intensificação de conflitos desnecessários.
Todos somos uma amálgama de déficits e conflitos. Quanto maior ou menor essa proporcionalidade, maior a manifestação de sintomas. Pessoas com déficits, encontram-se incompletas no seu desenvolvimento psicológico, com lacunas internas, vazios, carências, que geram sensações de desprazer e insatisfações crônicas. Geralmente a busca no decorrer da vida é reviver padrões relacionais que possam "resgatar" neuroticamente as relações falhas. Isso leva maridos a buscarem esposas cuidadoras ou esposas buscarem maridos paternais.
Quando há uma predominância de conflitos, a estruturação é mais externalizante, com manifestações sintomáticas exuberantes, dramáticas, com conflitos abertos e ostensivos. São trantornos neuróticos graves ou transtornos de personalidade incapacitantes. Dizemos que os conflitos se exteriorizam e os déficits se internalizam. Ninguém é tão matematicamente esquemático, mas para fins de entendimento funciona assim.
Nos transtornos resultantes de conflitos intrafamiliares, a manifestação sintomática é nociva ao equilíbrio social. Tais indivíduos , sobrecarregados por impulsos agressivos e não canalizados positivamente, descarregam no mundo suas angústias e descontroles. Muitos brigam, criam confusões, sabotam o seu próprio crescimento, fazendo escolhas equivocadas ou autodestrutivas.
Nos transtornos resultantes de déficits, o indivíduo torna-se ensimesmado, retraído, um proscrito da convivência social, num ostracismo retroalimentador da solidão. Essa " timidez patológica", por contenção interior forçada, esmaga a personalidade, fazendo-a contrair-se ou desaparecer. Esse ciclo de encolhimento psicológico destrói a criatividade humana e cria personagens esquizóides, alheios à vida na sua fluência natural.
Somos o barro moldado pela genética inegociável e a criação cuidadosa ou inconsequente. Somos uma aposta arriscada. No decorrer do ciclo vital, poderemos corrigir alguns déficits e minorar alguns conflitos, mas jamais mudaremos a configuração primária. A psicoterapia é uma tentativa humana, mas falha, de melhorar o psiquismo humano, fazendo-o mais funcional e o seu dono, mais feliz e produtivo. Obviamente que as soluções humanas são parciais.
As teorias sobre como educar as crianças mudam todos os anos. Mas fatores essenciais perduram, como dar bons exemplos, ensinar valores éticos, transmitir afetividade, congregar as crianças em atividades familiares conjuntas, instilando padrões de responsabilidade infantil. Os pais são importantes para o futuro dos filhos, mas não podem responsabilizar-se por tudo, assumindo "culpas" que não lhe são imputáveis. Pais doentes mentalmente, abusadores e negligentes vão gerar filhos conflituados e deficitários. Genéticas desfavoráveis criam temperamentos doentios. Ninguém escapa das imposições da vida.
Quanto é possível mudar? A humildade faz bem, porque dimensiona as probabilidades e prenuncia as possibilidades. Mudanças discretas, mas valorosas, a longo prazo, através da psicoterapia, a convivência com pessoas e ambientes corretivos, a interação emocional positiva e encorajadora, são fatores importantes na reestruturação almejada. Entretanto, a sorte de um início menos conflituoso e menos deficitário, facilita o resultado final.
Cabe a cada pessoa fazer um inventário pessoal, buscando identificar seus déficits e seus conflitos. Nos déficits, cada aquisição e aprendizagem são uma capacitação extra. Nos conflitos, cada flexibilização de crenças rígidas é uma conquista pessoal, na busca de harmonização interior e exterior e melhor convivência interpessoal.
Quais são os seus déficits? Os medos, as inseguranças, as vergonhas, os comportamentos desajeitados e derrotistas estão aqui.
Quais são os seus conflitos? As revoltas, as raivas, as brigas, a vitimização pessoal , as dramatizações infantis estão aqui.
Somos o resultado dinâmico , mas solidamente estruturado e identificado, de uma sucessão de déficits e conflitos. A mente humana é feita dessas duas interfaces. Reforçar os potenciais e enfraquecer os conflitos é um caminho salutar no desenvolvimento humano bem-sucedido. Enredar-se numa das duas faces ou nas duas é estar mentalmente enfermo. É estar neurótico. É estar psicótico.
Os tratamento visa à promoção do equilíbrio mental, não a perfeição, porque nenhuma escultura humana é perfeita. A genialidade do artista modifica-se conforme cada cultura ou pessoa que observa. A busca da perfeição é uma patologia mental em si mesma. A ocupação despreocupada e irresponsável com imperfeições é uma patologia mental autoevidente na nossa sociedade. A cada um cabe resgatar o seu melhor e minorar o seu pior, se considerar a vida uma oportunidade de evolução.