domingo, 11 de outubro de 2009

A Evolução da Esquizofrenia



A esquizofrenia foi descrita no início do século pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin, que a denominou "demência precoce." Posteriormente, o psiquiatra suiço Eugen Bleuler deu o nome de esquizofrenia ao antigo conceito.

A doença é rara na infância e na terceira idade, sendo mais frequente entre os 20 e 30 anos de idade. Geralmente os pacientes apresentam alterações comportamentais prévias à doença( pródromos), como retraimento, afastamento social, dificuldades acadêmicas, conversas estranhas, que envolvem idéias religiosas fora de contexto ou envolvimento com assuntos bizarros. Muitos pacientes referem que se sentem estranhos, angustiados, como se o mundo fosse diferente, mas são explicações vagas. Essa estranheza, quando investigada a fundo, revela muitas idéias ocultas de conotação delirante, como a convicção de estar sendo perseguido.

Na evolução do transtorno podemos observar o aparecimento súbito dos sintomas ou aparecimento mais gradual no decorrer dos anos. Os sintomas são muito heterogêneos e mutantes, podendo alcançar períodos de pico( episódio psicótico agudo), que é conhecido na linguagem popular como "surto esquizofrênico." Nesses momentos pode ser necessária a hospitalização para aplacar os sintomas agudos e evitar riscos para o paciente e outras pessoas.

Quando se encontra em surto psicótico, o paciente precisa ser avaliado por um serviço de emergência em psiquiatria. A partir do esbatimento dos sintomas agudos, traçamos um plano terapêutico que inclui o uso prolongado de medicação e algum tipo de psicoterapia adjuvante( psicossocial ou ocupacional). Muitos pacientes conseguem, através dessas modalidades terapêuticas, recuperar a sua capacidade laborativa( 1/3 dos casos) e se adaptar relativamente bem às situações de convívio social.

Esquizofrenia e Fatores Genéticos



Há comprovação de que fatores genéticos contribuem para o surgimento da esquizofrenia. Por exemplo, se um gêmeo idêntico é portador do transtorno, o outro gêmeo tem 50 % de chances de desenvolver o mesmo transtorno. Além da predisposição hereditária, fatores externos interagem com a genética ,promovendo o desenvolvimento da doença. Estudos demonstram que problemas no parto ou durante a gestação aumentam a vulnerabilidade para o aparecimento da esquizofrenia.

Enquanto na população geral a prevalência do transtorno é de 1%, ele aumenta para 8 a 10 % entre parentes de primeiro grau. Os fatores ambientais implicados no surgimento da doença são: o tipo de educação, viver em centros urbanos, complicações obstétricas, migração, estresse , exposição à violência e uso de drogas como maconha, anfetaminas, alucinógenos, cocaína e álcool.

Esquizofrenia e Tratamento



O tratamento da Esquizofrenia envolve o trabalho de uma equipe multidisciplinar. A responsabilidade do psiquiatra se concentra na prescrição de medicamentos antipsicóticos. Esses medicamentos tratam os sintomas principais da doença, como alucinações, delírios, agressividade, agitação, comportamento bizarro, insônia, paranóia e outros.

Os sintomas podem ser divididos em positivos: alucinações, delírios, comportamento agitado ou bizarro e sintomas negativos: isolacionismo social, deterioração volitiva( da vontade).

Os antipsicóticos são divididos em dois grupos: os típicos e os atípicos. Os típicos( mais antigos) tratam bem os sintomas positivos , mas pioram os sintomas negativos e causam muitos efeitos colaterais a longo prazo. A vantagem é o baixo custo econômico. Os exemplos de antipsicóticos típicos são o haloperidol( haldol) , a clorpromazina(amplictil), a pimozida( orap), a trifluoperazina( stelazine) ,a flufenazina( flufenan). Alguns antipsicóticos são aplicados via intramuscular(IM), como medicações de depósito, que vão sendo liberados gradativamente no sangue. Os antipsicóticos atípicos ( de segunda geração) são eficazes tanto em sintomas positivos como sintomas negativos. Também produzem efeitos colaterais( alteração no perfil do colesterol e triglicerídeos, ganho de peso), mas não causam as complicações dos antipsicóticos típicos( discinesia tardia- disturbio do movimento). A desvantagem é o médio a alto custo econômico do tratamento. Os principais representantes são a olanzapina( zyprexa), a risperidona( risperdal), a quetiapina(seroquel), a ziprazidona( geodon), a clozapina( leponex- usado em esquizofrenia refratária).