sábado, 16 de outubro de 2010

Psicometria

Psicometria é a atividade de testar indivíduos para descobrir aptidões, traços de personalidade e a inteligência.

A psicometria é uma atividade realizada por psicólogos com especialização em neuropsicologia.  A Neuropsicologia é a aplicação de conhecimentos neuroanatômicos e neurofuncionais a determinadas funções psicológicas e comportamentais,  dedicando-se a investigar como diferentes lesões causam déficits em diversas áreas nas  funções mentais, com embasamento em avanços da neurociência. Entre as principais contribuições desse ramo do conhecimento estão os resultados de pesquisas científicas para elaborar intervenções em casos de lesão cerebral, auxiliando o diagnóstico psiquiátrico e providenciando técnicas de reabilitação neurofuncional.

O trabalho do neuropsicólogo é investigar alterações no funcionamento neurológico que produzem sintomas psicológicos e psiquiátricos. Para a realização desse trabalho, é preciso saber se o profissional possui especialização na área, com comprovada formação técnica para a realização dos testes e emissão de laudos. A formação acadêmica em Psicologia não é suficiente para o credenciamento de profissionais na realização dos testes.

Cabe ressaltar que na Psiquiatria essa avaliação psicométrica é auxiliar no entendimento de déficits causados pelas diferentes patologias mentais. Não é necessária a utilização desses instrumentos para a confirmação diagnóstica, que geralmente se faz pela avaliação do estado mental( EEM) e a exclusão de outras enfermidades físicas, utilizando exames complementares de sangue e de imagem. Quando o psiquiatra solicita a avaliação neuropsicológica é para confirmar ou desconfirmar a sua impressão diagnóstica. Jamais um instrumento de investigação vai substituir o raciocínio clínico, da mesma maneira que um RX de tórax não vai substituir o pneumologista.

A Psicometria que mensura a inteligência cognitiva é interessante, pois permite acompanhar a evolução de muitas patologias psiquiátricas, que causam perda neuronal, com déficits intelectuais secundários. Entre essas patologias, podemos citar a esquizofrenia, a depressão , o transtorno Afetivo bipolar(TAB) e as demências . Muitas doenças produzem uma "assinatura" psicométrica, com déficits mais proeminentes em determinadas áreas cerebrais.

O trabalho clínico do psiquiatra se faz na consulta de avaliação, com duração média de 50 minutos, seguida de consultas de acompanhamento. Nessa avaliação inicial, formulamos as hipóteses diagnósticas( HD), que serão confirmadas ou descartadas no decorrer do tempo. Observamos que muitos pacientes querem um "rótulo diagnóstico" para entenderem ou aceitarem  a(s) sua(s) doença(s). Preferimos protelar o momento do diagnóstico para evitarmos equívocos. O uso de rótulos somente prejudica a autoimagem do paciente e não acrescenta muito na terapêutica. O diagnóstico, quando confirmado, poderá ser comunicado ao paciente e seus familiares.

O diagnóstico é um constructo teórico, elaborado a partir da  presença de sintomas persistentes que causam prejuízo funcional. Através da pesquisa clínica, muitos diagnósticos vão sendo aprimorados ou eliminados, conforme surgem novas síndromes( conjunto de sintomas). O objetivo do DSM( Manual Diagnóstico e Estatístico) é colocar ordem no caos subjetivo que domina o campo da saúde mental. Na avaliação fenomenológica, podemos prescrever a terapêutica de maneira mais racional e comedida, evitando erros e prejuízos ao paciente. Aqui se assenta a importância de consultar o especialista, pois ele está mais qualificado para diferenciar as diferentes categorias diagnósticas.

A Psiquiatria é uma especialidade médica. Trabalha , essencialmente, com doenças mentais , como esquizofrenia, depressão, transtornos de humor, transtornos de ansiedade, transtornos somatoformes e outros.

A Psicologia é uma especialidade independente da Medicina, que estuda o psiquismo humano e constrói teorias de como a mente funciona, fornecendo métodos de tratamento para  funcionamento anormal. Denominamos esses métodos de psicoterapias. Existem centenas de métodos psicoterápicos, cada um deles destinado a ser compatível com a teoria mental que lhe dá embasamento.

A Neurologia é uma especialidade médica. Trabalha , essencialmente, com doenças neurológicas e não com "doença dos nervos", sendo erroneamente confundida com a Psiquiatria. O neurologistas tratam epilepsia, derrames, neuropatias periféricas e outros. Muitas doenças, por apresentarem um perfil neuropsiquiátrico, são do domínio das duas áreas. Nessa categoria incluem-se as enxaquecas e as demências.

A diferenciação é fundamental para que o paciente possa procurar o profissional adequado em cada caso específico. A melhor ordem de investigação diagnóstica em sintomas mentais é o psiquiatra- neurologista-psicólogo. Isso segue a lógica de que uma doença médica tem precedência aos diagnósticos puramente psicológicos, por colocarem  a saúde orgânica e a vida dos pacientes em primeiro lugar. Caso o psiquiatra desconfie de uma doença neurológica, ele encaminhará o paciente para o neurologista. Se ele confirmar que o paciente tem sintomas psicológicos, com características neuróticas ou de personalidade, poderá encaminhar para o psicólogo. A inversão dessa ordem atrasa os diagnósticos e  aumenta o risco de tratamentos desnecessários e arriscados.