quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Transtornos Alimentares -Parte II



A Anorexia Nervosa é caracterizada por perda deliberada de peso, pela não alimentação associada ou não ao uso de substâncias espoliantes ou vômitos, numa busca constante de magreza, em virtude de um distúrbio na imagem corporal.

Entre os critérios para o diagnóstico estão a perda de pelo menos 15 % do peso original, amenorréia( cessação da menstruação) de pelo menos três ciclos consecutivos, medo intenso de engordar e distúrbio da imagem corporal( achar-se gorda, apesar dos sinais de magreza).

A doença pode ser de dois tipos: O restritivo- não há o comportamento de comer compulsivamente ou usar purgação; a compulsão periódica/purgativo- apresenta ingesta compulsiva ou purgação.
O início se dá na infância tardia e adolescência( 13-14 anos e 17-18 anos), com uma ocorrência em torno de 0,5 % a 1% das meninas adolescentes. A doença apresenta alto grau de gravidade, sendo que 15 % evoluem para óbito.
Há evidências psicológicas de problemas relacionais com os pais, caráter introvertido ou obsessivo, vida sexual inativa, negação da fome, com predomínio em mulheres brancas de classe média e alta.
Os sinais clínicos são a extrema magreza, a pele ressecada, unhas e cabelos quebradiços, penugem fina nos membros, constipação intestinal, anemia e inchaço nas articulações.
Pode haver associação com outros transtornos psiquiátricos, como depressão, ideias crônicas de suicídio.
O diagnóstico é clínico e laboratorial. Os exames de neuroimagem demonstram alterações inespecíficas na Tomografia computadorizada(TC) como sulcos e ventrículos cerebrais aumentados. No PET ( tomografia por emissão de pósitrons) há um aumento do metabolismo do núcleo caudado.
O tratamento é multidisciplinar, envolvendo clínicos, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais.

Transtornos Alimentares



Os Transtornos Alimentares são decorrentes da maior ou menor ingesta de alimentos, motivados por distúrbios de base psicológica, e que têm como objetivo concreto a diminuição ou a manutenção do peso corporal. Os distúrbios principais são: Bulimia Nervosa e Anorexia Nervosa.


Na Bulimia Nervosa ocorrem crises de ingestão excessiva de alimentos( hiperfagia) associadas a uma preocupação excessiva com o controle do peso corporal. Há uma compulsão periódica para a ingestão de grandes quantidades de alimentos, com pouco ou nenhum prazer. A prevalência é de 1 a 3 % nas mulheres jovens. Compondo o quadro clínico, há comportamentos compensatórios, alternantes e recorrentes, como purgação, exercícios físicos exagerados e períodos de jejum. Para caracterizarmos o diagnóstico, os sintomas precisam ocorrer duas vezes por semana durante três meses.
A paciente refere pouca ou nenhuma perda de peso e perda do controle alimentar. São divididas em dois tipos: o tipo purgativo- uso de vômitos auto-induzidos ou uso de laxantes, diuréticos ou enemas; o tipo sem purgação- uso de comportamentos compensatórios inadequados, tais como jejuns prolongados e exercícios físicos excessivos.
Em torno de 40 % das universitárias apresentam episódios isolados. Na investigação causal, observam-se famílias com pouco grau de intimidade e pais negligentes. As pessoas acometidas podem ter associação do transtorno com o uso de álcool e drogas e caráter histérico. A bulimia inicia mais tardiamente que a anorexia nervosa. Não existem testes laboratoriais indicados, sendo o diagnóstico essencialmente clínico. Apesar disso, há evidências do aumento dos níveis de endorfina plasmática.
As complicações clínicas são alterações causadas pelos vômitos induzidos( diminuição do potássio sanguíneo), risco de ruptura gástrica ou esofágica e hipertrofia das glândulas parótidas. O tratamento é com o uso de ISRS( inibidores da recaptação da serotonina), alguns estabilizadores de humor e psicoterapia.