domingo, 6 de setembro de 2009

Estabilizadores de Humor(EH) e Psicoterapia



Os medicamentos são vitais no tratamento do TAB. Eles diminuem a intensidade e número de episódios da doença. Devido à forte ligação genética e biológica da doença, o desequilíbrio neuroquímico precisa ser corrigido com a associação de medicamentos estabilizadores de humor(EH). Genes e disfunções cerebrais não são curáveis, mas as disfunções decorrentes são controláveis. O uso do lìtio pode reduzir a mortalidade desses pacientes em até 7 vezes( suicídio, distúrbios imunológicos e acidentes). As medicações também regulam os ritmos biológicos, como o sono e apetite. Quanto mais precoce a introdução dos medicamentos, melhor, para a neuroproteção, já que a doença possui um comportamento tóxico para o cérebro, causando atrofia neuronal. O tempo para ação dos medicamentos leva 2 a 3 semanas para surgir, mas os resultados mais claros demandam meses ou anos.
Mesmo com o avanço nas pesquisas farmacológicas, muitos pacientes mantêm sintomas residuais nas intercrises, quando então a psicoterapia é uma modalidade de tratamento importante. Ela ajuda as pessoas a aceitarem a doença, a se conhecerem melhor, a reconhecerem os pródromos( primeiros sinais) dos surtos. Como uma das principais causas das crises é o abandono do tratamento medicamentoso( "o paciente acha que não tem nada"), a psicoterapia precisa engajar o paciente no uso contínuo das medicações. Nas fases agudas ,a psicoterapia é apenas de apoio, já que o paciente não controla suficientemente suas funções psíquicas para aproveitar a psicoterapia investigativa. Depois que o surto passou, a psicoterapia oferece a sua ação psicoeducativa e investigativa das funções psíquicas. A reconstrução da vida, a elaboração dos prejuízos durante as crises, a autoaceitação, a modelação dos vínculos afetivos seriamente danificados pela doença, são objetivos a serem trabalhados na psicoterapia.

Transtorno Afetivo Bipolar(TAB)


Segundo dados da OMS( Organização Mundial da Saúde), o TAB foi a sexta causa de incapacitação no planeta durante a década de 90. Estima-se que no Brasil existam 15 milhões de portadores da doença. Em virtude da alta comorbidade com abuso e uso de drogas, obesidade, transtornos de personalidade e mortalidade( 25 % comportamento suicida em jovens), o diagnóstico é imperativo para o controle dessa doença devastadora.
Quem sofre do distúrbio possui dificuldades em desempenhar suas atividades profissionais, manter uma vida afetiva equilibrada e cultivar relacionamentos a longo prazo, por não terem controle sobre seus pensamentos e comportamentos durante a doença.
O tratamento com medicamentos é regra, geralmente mais de um medicamento é necessário para o controle adequado dos sintomas. Existe o uso dos medicamentos na fase aguda( esbatimento dos sintomas) e ou uso dos medicamentos continuamente para profilaxia de novos episódios.
O diagnóstico de doença mental nunca é simples pois faz aparecer uma série de preconceitos : a cronicidade da doença, a incurabilidade, a alteração da personalidade, a dificuldade de autogerenciamento, a perda da liberdade, a vigilância de terceiros. Essa imagem social e cultural prejudica a busca de tratamento. O tempo médio para a realização de diagnóstico correto pode levar até 10 anos!
Diante de situações estressoras, o bipolar pode gastar grandes somas de dinheiro( meter-se em dívidas) ou ficar depressivo e agressivo. Quando recebe uma notícia desagradável, cai de cama. A principal característica da doença é a instabilidade das funções cerebrais , variando de tristeza profunda à alegria excessiva. A memória e a concentração estão afetadas, podendo haver distração e déficit de armazenamento de informações. A velocidade do pensamento pode estar acelerado ou diminuído, dependendo das fases da doença. As mudanças de humor podem aparecer em poucas horas ou em poucos dias, às vezes durando dias, meses ou anos! O estado de humor mais duradouro é o depressivo. Além do humor, outras funções corporais ficam afetadas, como do controle dos movimentos( agitação ou lentificação), a impulsividade, o controle dos desejos e vontades.