Há 10 anos os pesquisadores Akiskal e Olavo Pinto propuseram , com base nos seus dados de pesquisa, quatro protótipos do espectro bipolar: tipos I, II, III e IV, assim como casos intermediários ( I1/2, II1/2 e III1/2). O tipo I e II já foram explicados. O tipo bipolar I 1/2 diz respeito àqueles quadros que cursam com depressão e hipomania protraída. Já o tipo bipolar II 1/2( com depressões ciclotímicas) e hipomania com menos de três dias de duração. O bipolar tipo III alude à hipomanias induzidas por antidepressivos. A tipo III 1/2 alude à bipolaridade "mascarada" pelo abuso de estimulantes. A tipo IV diz respeito à depressão hipertímica( depressões tardias e que se sobrepôem a temperamentos hipertímicos de base.). Os temperamentos hipertímicos são comuns em homens, por volta dos 50 anos, cuja ambição e energia fizeram com que alcançassem sucesso em várias áreas de suas atividades.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Causas da Bipolaridade
Quanto às causas da bipolaridade, que denominamos etiologia, os THB são considerados transtornos predominantemente neurobiológicos com manifestação psicológica e comportamental. Os fatores genéticos possuem um papel maior do que em qualquer outro transtorno psiquiátrico. Existem o estressores sociais e familiares inespecíficos agindo como desencadeantes dos surtos ou mantenedores dos episódios patológicos.
A partir de estudos epidemiológicos , tem-se observado que cada episódio parece que predispõe ao próximo, tornando-se autônomo no decorrer do tempo, independentemente de fatores externos. A esse efeito damos o nome de kindling, para o aumento do número de episódios. Esse conceito significa que um estímulo elétrico poderia produzir uma resposta autônoma num neurônio mesmo que fosse subliminar.
Em torno de 5 % das manias há um fator secundário identificável, como encefalite, epilepsia, acidente vascular cerebral(AVC), traumatismo craniano, hipertireoidismo, entre outros. Essa mania recebe o nome de mania secundária. O uso e abuso de drogas como maconha, álcool, corticóides , L-dopa, também podem induzir mania.
Tipos de Bipolaridade
Os manuais diagnósticos fazem a distinção entre duas formas maiores do Transtorno de Humor Bipolar.(THB). O primeiro seria o THB tipo I( mania e depressão) e o Tipo II( depressão e hipomania), além de definir uma forma mais branda, a ciclotimia( flutuações entre hipomania e depressão menor ou subsindrômica). Há ainda o especificador ciclagem rápida, quando nos casos há 4 ou mais episódios por ano. Sintomas psicóticos podem ocorrer em 50 % dos casos( alucinações, paranóia, idéias delirantes), causando dificuldade diagnóstica com outras doenças, como a esquizofrenia, principalmente num primeiro episódio. Outro ponto que merece destaque é a especial atenção que o psiquiatra precisa dar às depressões pós-parto, pois muitas depressões são episódios de humor não diagnosticados.
Transtornos do Espectro Bipolar
Os Transtornos do Espectro Bipolar são crônicos, recorrentes, potencialmente letais( 25 % de tentativas de suicídio e 20 % cometem suicídio ), com remissão sintomatológica incompleta na maioria das vezes. Muitos casos são refratários aos tratamentos, com grandes custos para o paciente, seus familiares e a sociedade. Os polos de apresentação das doenças do espectro são o polo da mania e da hipomania( humor irritável, eufórico, pensamentos acelerados, idéias de grandeza, atividade motora aumentada, inquietação) e o polo da depressão( pensamento lentificado, idéias de culpa e ruína, tristeza e isolacionismo) e o polo misto( uma mistura de sintomas maníacos e depressivos).
Os transtornos de humor bipolar(THB) possuem uma prevalência estimada em 1,5%. Quando ampliamos a noção de espectro bipolar, a prevalência aumenta para 3 a 6%. O risco de desenvolver THB no decorrer da vida é de 1 a 2 %. Após o primeiro episódio, o risco de novos episódios é da ordem de 90 %, reforçando a necessidade de tratamento contínuo. Muita confusão se faz no diagnóstico diferencial entre pacientes depressivos puros( unipolares) e os pacientes depressivos bipolares. Estimativas mostram que 5 a 15 % dos pacientes depressivos unipolares são , na verdade, bipolares não diagnosticados. Há pesquisas que mostram que esse número é até mais alto, chegando a 50% em algumas amostras pesquisadas.
Esses transtornos iniciam na adolescência, mas podem começar em qualquer idade, inclusive na infância. A prevalência é igual em homens e mulheres, diferente da depressão unipolar, mais comum em mulheres.
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