quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Palestra sobre a Agomelatina em Santa Maria

Recebemos a visita do Dr. Pedro do Prado Lima, de Porto Alegre, que nos brindou com uma excelente aula sobre  a agomelatina, uma nova opção antidepressiva desenvolvida como alternativa aos  antidepressivos mais antigos.

A Agomelatina está indicada para o tratamento do Transtorno Depressivo Maior(TDM). O seu mecanismo de ação envolve o antagonismo dos receptores melatoninérgicos M1 e M2 e agonismo dos receptores 5 HT2c.  Enquanto os antigos antidepressivos atuam regulando principalmente os neurotransmissores serotonina, norepinefrina e dopamina, a agomelatina atua sincronizando os ritmos circadianos, que estão perturbados nos quadros depressivos. Esse antidepressivo foi lançado em  na Europa em 2009 e agora se torna mais uma opção terapêutica no mercado brasileiro.

Foram identificadas alterações nos ritmos biológicos em pacientes depressivos. O ritmo circadiano vem do latim circadiem, que significa "em torno do dia", isto é, um ritmo que dura 24 horas. Os ritmos circadianos são gerados automaticamente e sob influência de relógios biológicos, localizado numa região cerebral chamada núcleo supraquiasmático.

O equilíbrio biológico( homeostase) depende da secreção de diferentes hormônios e sofre a influência de fatores externos. Por exemplo, o sono sofre a influência da luz, que estimula a secreção da melatonina, um neurohormônio que induz a reversão do ciclo sono-vigília. O ritmo circadiano dá ritmicidade a vários parâmetros biológicos: secreção de cortisol, TSH, hormônio paratireoidiano; parâmetros fisiológicos: temperatura corporal, pressão arterial, frequência cardíaca; e parâmetros comportamentais: humor, vigilância diurna, performance cognitiva e relação sono-vigília.

Os ritmos circadianos estão achatados e alterados em pacientes deprimidos, com repercussões no humor , no sono e  na temperatura corporal. O cortisol, um hormônio do estresse, está elevado nesses pacientes  comparativamente aos indivíduos sem depressão.

O antidepressivo é bem tolerado, com um mecanismo de ação rápido, não provoca síndrome da retirada( por não atuar em serotonina), não interfere no peso corporal e possui uma excelente resposta terapêutica em 3 de cada 4 pacientes após 3 meses de tratamento. Após 10 meses de tratamento, 8 em cada 10 pacientes estão livres de recaídas. Apesar de regular o sono, não possui ação sedativa. Recomenda-se o controle da função hepática, em virtude da sua metabolização,  e cuidado na associação com alguns antidepressivos e antibióticos. O horário de administração é à noite, por ser o horário natural da sincronização dos ritmos biológicos.