domingo, 20 de setembro de 2009

Principais Pontos no Evento TDAH-18/09



O primeiro palestrante, Dr. Eugênio Grevet, doutor em Psiquiatria pela UFRGS e coordenador do ambulatório de TDAH em adultos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre:
O Dr. Eugênio iniciou fazendo um breve histórico da classificação de TDAH.Já no século passado havia descrições esparsas de "crianças que não conseguiam parar quietas", principalmente feitas por pediatras. Mas foi no início do século que houve uma descrição formal desse quadro patológico. No início se pensou num "distúrbio moral" nessas crianças com dificuldades escolares, de atenção e comportamento. A partir da década de 50, com a utilização do metilfenidato, esses quadros começaram a ser tratados. A resposta ao tratamento se mostrou excelente. Até o ano de 1976, pouco se falou sobre TDAH em adultos. Um pesquisador americano resolveu acompanhar crianças hiperativas até a vida adulta. E ele descobriu que muitos adultos continuavam com os déficits de atenção , mas os sintomas de hiperatividade sofriam uma atenuação. A partir da década de 90, os estudos com déficit de atenção em adulto começaram a ganhar espaço na literatura científica.

Ainda hoje o desafio é a extrapolação diagnóstica, pois os sintomas classificatórios do TDAH, segundo o DSM-IV TR e a CID 10(OMS) , estão adaptados para crianças. Da mesma maneira isso ocorre com outros transtornos de início na infância, como autismo, transtornos de aprendizagem. A partir de 2012 com o lançamento do DSM V esses critérios precisarão ser melhor operacionalizados. Temos um representante gaúcho no comitê de reelaboração, o prof. Luis Rodhe, da UFRGS.
Outro desafio é a diferenciação diagnóstica com outros transtornos psiquiátricos, já que 80 % dos portadores de TDAH possuem mais de um diagnóstico psiquíátrico concomitante. Muitos sintomas são sobrepostos, principalmente sintomas de humor maníaco. Um ponto relevante é diferenciar a "impulsividade agressiva" do bipolar, da "impulsividade bobinha" do hiperativo( por exemplo, não consegue esperar numa fila). Por fim, o Dr. Eugênio ressaltou a importância dos psiquiatras ficarem atentos para a percepção diagnóstica do transtorno. Ele usou o exemplo da mira dos atiradores, onde existem muitos alvos ( diagnósticos), mas precisamos estar atentos para não atirar no alvo errado( achar que tudo é TDAH) e esquecer outros transtornos, mas também não podemos subestimar um transtorno que afeta no mínimo, 2,5 % da população adulta geral no mundo e 16,5 % dos pacientes em consultórios psiquiátricos.

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