quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Baixa Autoestima- Parte II

Os livros de autoajuda orbitam em torno de variantes que envolvem a elevação da autoestima. Falamos anteriormente dos fatores psicológicos internos( instâncias psíquicas) que determinam a saúde da autoestima. Hoje vamos falar dos fatores externos que desafiam a autoestima, produzindo o seu achatamento, a sua oscilação, a sua "ocultação completa."


A autoestima é sempre dinâmica, isto é, sofre uma variabilidade conforme as circunstâncias internas e externas. Nenhuma pessoa é totalmente constante. Entretanto, pessoas com baixa autoestima manifestam uma oscilação mantida de humor, seja para o lado eufórico ou para o lado depressivo. Doenças depressivas e ansiosas clinicamente diagnosticáveis, por alterarem a química cerebral, afetam a autoimagem da pessoa. A pessoa depressiva começa a selecionar fatos e detalhes negativos do ambiente, estruturando a visão de si de maneira derrotista, desvalorizada, sem esperança, estendendo essa distorção para o mundo. Temos aqui as distorções cognitivas da depressão. Pessoas ansiosas sofrem por antecipação, estão sempre estressadas( secretando hormônios cortisol e adrenalina) e essa sobrecarga repercute na autoimagem. Existem inúmeras doenças mentais que comprometem o funcionamento homeostático( equilíbrio) do indivíduo, produzindo baixa autoestima. Transtornos de humor bipolar, pela gangorra de emoções, não permitem uma estabilidade necessária para a afirmação da autoimagem.

Outros fatores externos são as perdas ao longo da vida. Histórias de vida trágicas, com perda de entes queridos em idade precoce, maus- tratos na infância, abuso físico e sexual, privação afetiva( famílias disfuncionais), baixo desempenho acadêmico, frustrações repetidas( alimentando o ciclo de baixa autoestima), vão esgotando o estoque de energia psíquica de vida( " eros"), aumentando na balança a energia psíquica de morte( "tanatos"). Experiências de derrota precoces não permitem "conhecer a possibilidade de vitória" na vida, estruturando personalidades derrotistas. Pessoas que tiveram a chance de construir uma autoimagem positiva, antes da perdas inevitáveis da vida, conseguem ter resiliência( resistência psíquica) e se recuperar dos reveses da vida.

Costumamos dizer que uma criança precisa ter alguém que incuta nela a valorização de si mesma. A criança está em formação( janelas de oportunidade). O adulto pode oferecer modelos de identificação positivo para essa criança, além de prover os cuidados , o carinho e transmitir a "mensagem" inequívoca( sem ambivalências) de que essa criança é aceita e valorizada simplesmente por quem ela é, com as qualidades e defeitos. Pais muito exigentes achatam a autoestima das crianças( superego muito rígido), pais negligentes achatam a autoestima das crianças( ego fragilizado). Do ponto de vista biológico, pessoas com doenças congênitas, doenças crônicas incapacitantes estão sujeitas à baixa autoestima.

Em resumo, a autoestima depende de condições internas ótimas e a capacidade de lidar com o ambiente externo que imputa perdas. Nessa equação, o resultado pode ser a auto-superação ou o autoderrotismo, dependendo da atuação das forças psicológicas e ambientais. Os casos que possuem reserva mental saudável podem ser tratados com bons resultados, resgatando a autoestima oculta. Em casos em que a estrutura de personalidade se solidificou de maneira doentia, podemos ajudar na aceitação madura dos fatos imutáveis da vida e das perdas inevitáveis, sem a pretensão de uma reforma profunda na personalidade do indivíduo.

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