A Resiliência Psicológica é um conceito que significa a capacidade de recuperação de situações estressoras com o potencial de causar danos psicológicos e aumento de suscetibilidade para doenças mentais.
O termo "resiliência" é emprestado da Física e se refere à capacidade que alguns materiais possuem de se dobrar, sem sofrerem fraturas, voltando ao estado original, depois de cessada a força mecânica. Analogamente, algumas pessoas são mais ou menos resilientes, elas sofrem o impacto dos estressores ambientais e não se quebram, isto é, não adoecem ou se recuperam mais rapidamente dos reveses.
Pesquisas demonstram que há fatores genéticos envolvidos no grau de resiliência de cada pessoa. Esses fatores sofrem a influência do meio ambiente, produzindo uma estrutura de personalidade.
Essa interação genética-meio ambiente começa no útero materno e se estende durante a infância até o fim da vida. Mas o período da infância é crítico para o desenvolvimento da resiliência. Existem crianças que parecem ter uma maior capacidade de sobrevivência , independentemente das condições adversas do meio ambiente. São psicologicamente resistentes. Outras crianças são mais sensíveis ao ambiente, sofrendo repercussões exacerbadas na sua estrutura mental, conforme os cuidados parentais. Quando negligenciadas sofrem desestruturação de personalidade, adoecem e definham. Mas se forem cuidadas com esmero, sobrevivem e prosperam.
Já foram descobertos genes envolvidos nessa sensibilidade infantil. Esses genes influenciam enzimas e receptores neuroquímicos, que na combinação com o estresse ambiental, disparam gatilhos para o desencadeamento de transtornos de humor e comportamentos disfuncionais.
Um gene chamado CHRM2, vinculado à dependência alcoólica e pertencente ao mesmo grupo dos comportamentos disruptivos, distúrbios de conduta e comportamento antissocial, foi investigado pela Universidade da Comunidade Virgínia. O registro genético de 400 meninos e meninas acompanhados por mais de quinze anos mostrou que certas variações no gene CHRM2 interagem com a negligência parental, produzindo comportamento indesejáveis na adolescência, principalmente delinquência e agressividade. Essa variação genética quando encontrava pais atenciosos e amorosos produzia resultados opostos. Nessa mesma pesquisa, crianças vulneráveis geneticamente tornavam-se menos propensas a brigar , por exemplo, ao serem criadas por famílias saudáveis, que forneciam atenção e carinho. O gene CHRM2 também está envolvido em casos graves de depressão e influencia habilidades cognitivas.
Então o cuidado parental é importantíssimo para desligar( epigenética) os genes responsáveis por essa vulnerabilidade aumentada para comportamentos disruptivos.
A Resiliência não é a capacidade de negar os estressores. Na verdade, é justamente a capacidade de lidar com os estressores com mais competência. É buscar reparações para as perdas e lutos. Ser resiliente é encontrar algo " positivo" numa experiência negativa, principalmente o aprendizado que fica. Estudos com gêmeos, conduzidos pela Universidade de Western Ontário, no Canadá, envolvendo 219 pares de gêmeos, encontrou as contribuições genéticas e ambientais mais relevantes na resiliência mental:
__ O comprometimento com projetos pessoais;
__ Controle sobre a própria vida;
__ Autoconfiança;
__ Disposição para encarar desafios.
O resultado da pesquisa demonstra que 52 % da variável resiliência mental é herdada geneticamente. Agora podemos compreender melhor as diferentes reações das pessoas quando se defrontam com frustrações, como separação amorosa, resolução de dificuldades financeiras, superação de doenças graves, aprovação no vestibular e outros desafios. Essa diferença pode determinar o resultado da trajetória de vida, pela influência direta nas escolhas e nas estratégias que conduzem à perseverança ou degeneram em desistência.
Muito interessante.
ResponderExcluirEu não sou resiliente, apesar dos cuidados maternos esmerados! E agora? =/
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