segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Neurotransmissores e Transtornos Mentais

Os transtornos mentais são estudados a partir do vértice do desequilíbrio de substâncias químicas, os neurotransmissores, cuja alteração, produz sintomas clinicamente relevantes. A descoberta de medicamentos que corrigem esse desequilíbrio inaugurou uma nova fase no tratamento dos transtornos mentais, possibilitando o controle de uma parcela significativa deles, livrando o paciente do estigma da " falta de força de vontade". Surgiu a teoria monoaminérgica, onde as monoaminas( tipo de neurotransmissores) supostamente causam doenças através do seu desequilíbrio e se preconizou a partir dessa teoria a  utilização de medicamentos para executar o reequilíbrio neuroquímico.

Existem mais de cem neurotransmissores conhecidos, mas alguns são cogitados como causais das alterações patológicas.

Um neurotransmissor é uma substância  que é armazenada num neurônio pré-sináptico, depois é liberada entre os neurônios, a fenda sináptica, depois produz seus efeitos específicos ao se ligar a um receptor pós-sináptico, sendo o seu excedente recaptado pelo neurônio pré-sináptico. Os dois neurotransmissores em maior concentração cerebral são o glutamato e o GABA. O glutamato é um neurotransmissor excitatório, aumentando os disparos neuronais. O GABA, por outro lado, é um neurotransmissor inibitório, diminuindo a hiperexcitação neuronal.  O glutamato está envolvido em mecanismos de memória e também em doenças como a doença de Alzeihmer e morte neuronal pós-acidente vascular( pós-AVC). O GABA está envolvido com os mecanismos de controle do sono, da ansiedade e em doenças como epilepsia.

Em menor concentração, estão as monoaminas, divididas em duas classes: as catecolaminas: dopamina, norepinefrina e epinefrina e as indolaminas: serotonina e melatonina. Existem núcleos espalhados pelo cérebro, dos quais partem ramificações neuronais para diferentes regiões cerebrais, onde neurônios apresentam função predominantemente serotoninérgica, dopaminérgica , noradrenérgica ou melatoninégica. Acredita-se que os transtornos ansiosos, depressivos e desregulação do ciclo do sono-vigília envolvam esses neurotransmissores. O uso de antidepressivos e ansiolíticos manipula esses sistemas para produzir os efeitos terapêuticos, através do bloqueio da bomba de recaptação, produzindo uma concentração constante dos neurotransmissores na fenda sináptica, corrigindo o déficit causador ou promotor do transtorno.



2 comentários:

  1. Olá, acabo de ler este seu post e acabei por encontrar outro, de 2009 sobre TAG. Fui diagnosticada recentemente com este transtorno, aliás, são anos assim, e estou reiniciando o tratamento, mais uma vez...não tenho ajuda da minha família, que acha que tudo não passa de frescura, está muito difícil e preciso de uma indicação quanto a livros que pudessem me ajudar nesta fase horrorosa da minha vida. Sou dra. em Ciência, trabalho com pesquisa, mas nunca alcanço o que deveria, a frustração já está me consumindo e acabo de desisti de tudo!

    ResponderExcluir
  2. "O glutamato é um neurotransmissor excitatório, aumentando os disparos neuronais. O GABA, por outro lado, é um neurotransmissor inibitório, diminuindo a hiperexcitação neuronal."

    Poderíamos fazer uma relação entre o glutamato e o sal, e o GABA e o açúcar composto nos alimentos; para explicar, por exemplo que este é o motivo pelo qual pessoas que estão com baixa energia preferem comidas salgadas, com sal, para dar um "plus" nas sinapses e, em contrapartida, aquelas que estão "superligadas" em várias questões, chegando à ser um problema como na depressão, prefeririam comer açúcar para dar uma "acalmada"?
    Obrigada.

    ResponderExcluir