domingo, 29 de novembro de 2009

Fobia do Número 8



As fobias são medos irracionais , persistentes e excessivos de objetos ou situações, causando uma conduta de esquiva( evitativa), gerando prejuízos funcionais na vida da pessoa.

Quando nos referimos a uma situação ou objeto, falamos de fobia específica. Quando nos referimos a uma situação de medo exagerado de exposição social, falamos de fobia social.

Qualquer pessoa pode desenvolver uma fobia no decorrer da vida. As fobias estão classificadas como transtornos de ansiedade e são muito prevalentes na população geral( 15 a 17%). A maioria das pessoas não procura ajuda psiquiátrica, porque "administra a sua fobia", até que alguma situação-gatilho provoque um prejuízo que não pode ser ignorado. Por exemplo, atendia uma paciente que tinha medo de lugares fechados( claustrofobia). Quando ia ao meu consultório , eu precisava deixar a porta e as janelas abertas, para que ela conseguisse se sentir tranquila durante a entrevista. Ela escondeu ,durante muitos anos, essa fobia. Mas quando teve que se submeter a uma cirurgia, começou a passar mal no bloco cirúrgico. Tenho pacientes que não andam de elevador. Sobem as escadas até o consultório. Outras não andam de elevador sozinhas. Existem mais de 400 tipos de fobias classificadas na literatura médica. Existe até fobia do número 8!
Por que isso acontece? O modelo explicativo para a instalação e perpetuação das fobias específicas envolve a integração de vários modelos causais. Haveria uma predisposição genética interagindo com o ambiente facilitador, através do condicionamento cognitivo e comportamental a determinadas situações, causando um "imprint"( registro fóbico) no modelo mental., principalmente numa região muito primitiva cerebral- a amigdala cerebral- .Toda vez que a pessoa entrasse em contato com o estímulo fóbico, haveria a reativação dos circuitos neuronais sensíveis, causando as reações de medo e ansiedade. Como o registro é em nível muito primitivo de memória, o tratamento das fobias específicas se faz com técnicas mais comportamentais de dessensibilização. Isto é, não adianta ficar tratando fobias específicas em nível cortical( pensamento), através da psicoterapia cognitiva ou psicodinâmica. O mais eficaz são técnicas comportamentais. No caso da fobia social, o uso de medicamentos está indicado.
Entre os tipos de fobias específicas, classificamos as fobias de animal, ambiente natural, sangue-injeção-ferimentos e situacional.
Nas fobias de animal, ambiente natural e situacional, o sistema nervoso autonômico simpático( noradrenalina) é ativado frente ao estímulo fóbico. Isso provoca ansiedade, palpitações, tensão muscular, boca seca, pupilas dilatadas, numa preparação para a reação de luta ou fuga.Em casos extremos de ansiedade, pode desencadear um ataque de pânico. Nas fobias que envolvem sangue-injeção-ferimentos, o sistema nervoso autonômico parassimpático sofre ativação( acetilcolina), provocando uma reação vagal( nervo vago), levando as pessoas a desmaiarem. Essas reações nervosas foram selecionadas evolutivamente, porque aumentavam nossa chance de sobreviver e perpetuar a espécie.

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