quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Psiquiatria do Desenvolvimento- Novo Modelo



Um esforço envolvendo vários centros de pesquisa no mundo, sob a coordenação do professor de Psiquiatria da USP, Eurípedes de Miguel, propõe um novo modelo de formação de psiquiatras, com a aplicação do trabalho preventivo em doenças mentais, não apenas "paliativo."
Partindo do pressuposto de que as doenças mentais são decorrentes de alterações no neurodesenvolvimento, o trabalho será embasado em ações preventivas, já na fase pré-mórbida das doenças em indivíduos com vulnerabilidades. Isso significa a identificação de pessoas com risco , atenuando as repercussões futuras de um transtorno mental incipiente. Quando os tratamentos são instituídos tardiamente, apenas controlam sintomas. A partir dos 20 ou 30 anos de idade, as alterações nos circuitos neuronais já seriam irreversíveis, com pouca margem para ação terapêutica curativa.
O professor Eurípedes de Miguel enfatizou o modelo de vulnerabilidade gênica( alelos de suscetibilidade), que sofre a influência do meio ambiente, o que causa anormalidades nas células cerebrais, com estruturação de sistemas anatômicos e funcionais alterados, levando a modelos emergentes disfuncionais( pessoas- fenótipos). Através do modelo da Psiquiatria do Desenvolvimento, as memórias, a aprendizagem, as relações interpessoais e autoregulação exerceriam uma influência nos genes( epigenética), alterando a sua estrutura química, sem alterar o sequenciamento gênico. Outro aspecto abordado foi a transmissão não-gênica do comportamento materno. Ratos lambidos por suas "mães substitutas" apresentaram uma secreção menor de cortisol( hormônio do estresse), mesmo sendo crias biológicas de outras ninhadas. O cortisol está envolvido com uma maior vulnerabilidade a transtornos de humor. Evidências demonstram que os primeiros sinais de futuras doenças podem ser detectados na infância. Por exemplo, crianças com 11 anos de idade, portadoras do gene 4 APOE, que predispõe à doença de Alzheimer, já apresentam o córtex etorrinal de menor espessura, área anatômica sabidamente alterada na doença anos mais tarde.

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