A propensão ao suicídio está associada a transtornos mentais, principalmente depressão unipolar e bipolar.
Pesquisas mostram diferenças anatômicas e neuroquímicas nos cérebros dos suicidas. O suicídio possui uma base biológica , que frente a estressores sociais, experiências traumáticas e doenças mentais ativas, pode se manifestar com toda a sua força. Os estudos recentes focam na avaliação do córtex pré-frontal orbital, responsável pelo controle da impulsividade, que mostrou ser um fator de risco para tentativas de suicídio. A serotonina é o neurotransmissor deficitário em pacientes suicidas.
Estudos demonstram diminuição da atividade neuronal no córtex pré-frontal orbital envolvendo o sistema serotoninérgico. Outra linha de pesquisa procura correlacionar o desequilíbrio do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal( eixo do estresse) com tentativas de suicídio. Charles B. Nemeroff, da Emory University School of Medicine e seus colaboradores estão descobrindo evidências de que abusos na infância podem desequilibrar o eixo do estresse, tornando-o vulnerável à depressão e a reações exageradas frente a estressores psicossociais.
Os receptores para serotonina no cérebro e nas plaquetas( sangue) estão aumentados, denotando uma diminuição da serotonina nos pacientes suicidas. Essa regulação de receptores para cima( up-regulation) é uma tentativa de compensar os baixos níveis serotoninérgicos pelo aumento da captação via receptores.
Apesar dos exames de sangue mostrarem essas diferenças, não são usados para o diagnóstico de pessoas mais vulneráveis a impulsos suicidas. Ainda a melhor prevenção se faz através do diagnóstico precoce de doenças mentais e o seu tratamento adequado. A investigação de parentes biológicos também é uma tentativa de mapear as famílias de suicidas. Uma publicação no Archives of General Pscychiatry, em 2002, conduzida pelos pesquisadores do Western Psichiatric Institute and Clinic, em Pittsburgh, afirma que os filhos de pessoas que tentam suicídio têm um risco 6 vezes maior de cometer suicídio que os filhos de pais que nunca tiveram essa intenção. Parece haver uma explicação genética para essa predisposição, já que trabalhos que investigam gêmeos univitelinos( idênticos) mostraram uma concordância de desfecho suicida de 13 %, enquanto apenas 0,7 % dos gêmeos bivitelinos( fraternos) tinham essa relação.
No Brasil, 24 pessoas cometem suicídio diariamente. Nos últimos dez anos houve um crescimento de 15 % nas taxas de suicídio no país. Atualmente a taxa de suicídio é de 6,5 /100 000 habitantes. Em 23 % dos casos, o suicida estava sob efeito de álcool e drogas. Para cada 20 tentativas de suicídio, uma se consuma. O suicídio é uma das três causas de morte em jovens na faixa etária dos 15 aos 34 anos.
O carbonato de Lítio(carbolitium) é um medicamento usado como estabilizador de humor. Trabalhos demonstram o seu potencial protetor contra o suicídio. Em pesquisa realizada em 1998, na Dinamarca, concluiu-se que o lítio diminui as tentativas de suicídio de seis a quinze vezes. O medicamento, derivado do metal lítio, parece regular a excitabilidade neuronal, controlando o influxo iônico nas membranas dos neurônios e através de sistemas intracelulares(segundo mensageiros). Precisa ser tomado regularmente para atingir uma concentração sanguínea eficaz (litemia), para surtir seus efeitos terapêuticos. É um medicamento acessível, mas causa muitos efeitos colaterais, como ganho de peso, alterações renais , tireoidianas e cognitivas. Mas todos os outros estabilizadores de humor que o sucederam não conseguiram superá-lo em eficácia, mas são mais tolerados pelos pacientes, por apresentarem efeitos colaterais mais leves.
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