O Estado emocional de uma pessoa é composto do humor e do afeto. O humor é uma tonalidade emocional mais duradoura, estável no tempo, enquanto que o afeto é o estado modulado em curtos períodos de tempo, podendo variar em questão de minutos a horas. Na avaliação do estado mental(EEM), avaliamos a história longitudinal do paciente( ao longo de anos) e a história transversal( ao longo de horas a dias). Dessa avaliação podemos suspeitar de algum transtorno de humor, baseado nas características clínicas e na variabilidade dos sintomas.
Na avaliação do humor, podemos identificar : humor depressivo, humor ansioso, humor eufórico, humor disfórico, humor eutímico( na normalidade) e uma gama enorme de tons emocionais.
Na avaliação do afeto , podemos identificar: afeto depressivo, afeto ansioso, afeto eufórico, afeto disfórico, afeto eutímico e uma gama enorme de outros afetos.
Basicamente, numa avaliação psiquiátrica, conseguimos mapear esses tons emocionais e as suas oscilações, classificando o que é aceitável dentro do espectro de normalidade e o que é patológico nesse mesmo espectro. Esse "feeling" nos permite inferir que determinado paciente possa estar apresentando um transtorno de humor, que vai necessitar de tratamento específico.
Na avaliação do humor e do afeto, nos interessa a qualidade , a intensidade, a variabilidade, as repercussões funcionais na vida do paciente e o seu estado subjetivo de bem-estar.
Um paciente com Transtorno Depressivo(TD) manifesta humor depressivo e afeto geralmente depressivo, podendo variar numa gama enorme de tons, incluindo afeto ansioso e irritável( principalmente adolescentes e crianças).
Um paciente com Transtorno Afetivo Bipolar(TAB) manifesta humor depressivo ou eufórico, com afetos varíaveis, desde o depressivo, o disfórico, o eufórico, o ansioso até variantes mais graves, com o achatamento da variabilidade emocional( embotamento afetivo).
A avaliação cabe ao profissional de saúde mental, que vai aplicar a sua experiência clínica na formulação da melhor hipótese diagnóstica para o caso, baseado em evidências clínicas coletadas da história de vida do paciente, além da comprovação direta dos sinais alterados do Exame do Estado Mental(EEM), realizado durante a consulta psiquiátrica. A experiência do psiquiatra é um diferencial, porque o atendimento de inúmeros casos vai burilando a percepção do médico na confecção diagnóstica mais acurada. Esse diagnóstico inicial( hipótese) vai ser acompanhado nas avaliações subsequentes, até haver uma sofisticação diagnóstica completa da situação, com confirmação diagnóstica a longo prazo. Mais importante do que a velocidade na psiquiatria, primamos pela acurácia diagnóstica, porque disso vai depender o sucesso do tratamento.
O tratamento é direcionado à hipótese diagnóstica e pode obter sucesso terapêutico rápido ou demandar ajustes medicamentos de acordo com a evolução clínica de cada paciente. Nesta fase, muitos pacientes desistem do tratamento e acabam agravando a evolução do seu caso. Essas desistências decorrem da impaciência em esperar o efeito terapêuticos dos medicamentos ( que podem levar de 10 dias a 6 semanas, dependendo da classe medicamentosa), a busca imediata de resultados, a desmotivação para a investigação introspectiva, a influência de pressões preconceituosas vindas da sociedade desinformada. Os fatores de interferência no êxito terapêutico são muitos, mas se o paciente confiar nas orientações do médico e aderir ao regime de tratamento proposto, as chances de melhora são altas.
A normalidade em relação aos tons emocionais é a pessoa estar livre para transitar em diferentes estados emocionais, de acordo com a sua estrutura psicológica. Pessoas fixadas em humores constantes estão doentes, assim como pessoas fixadas em variações afetivas muitos intensas e rápidas estão doentes. Nesses casos, os tratamentos promovem um alívio sintomatológico substancial, além de protegerem o cérebro das repercussões negativas do desequilíbrio neuroquímico que acompanha essa oscilação.
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